É um facto adquirido para todo e qualquer ser humano com o mínimo de sensibilidade que o melhor que existe neste mundo são mesmo as crianças. Mas será que todos pensam assim?
Com o relativamente recente aparecimento do caso Casa Pia, o assunto da pedofilia tornou-se num assunto em voga. É-nos incompreensível como é que as crianças podem ser usadas desta forma, para estes fins. E isto torna-se ainda mais grave quando as pessoas que usam estas crianças são nem mais nem menos do que pessoas que todos conhecemos, ligadas à política, ao entretenimento, etc. Figuras públicas.
Li recentemente um artigo publicado na revista Selecções do Reader’s Digest que me tocou profundamente. Este artigo explicitava a forma como o actual governo do Cambodja «fecha os olhos» à prostituição infantil devido aos lucros a nível turístico que este negócio traz ao país.
É verdade que o Cambodja é um país do terceiro mundo com muitas dificuldades económicas, mas como é possível que o governo possa simplesmente ignorar o facto de crianças a partir dos quatro anos de idade serem todos os dias vendidas a bordéis por amigos ou mesmo por familiares? Por pessoas que supostamente as deveriam proteger e cuidar delas. Como se explica o facto de a idade média dos trabalhadores do sexo neste país ser de 15 anos?
Segundo o artigo, as raparigas mais novas são vendidas aos bordéis, onde são muitas vezes drogadas e forçadas a manter relações sexuais em troca dinheiro. Dinheiro esse que, na maior parte dos casos, não chegam nem a ver. Mas há ainda o caso das raparigas que decidem sair de casa, ir para outras cidades, mediante promessa de emprego estável que muitas vezes lhes chegam por amigos. Uma vez longe de suas casas, as raparigas são vendidas aos bordéis...
São raras as raparigas que conseguem escapar a este tipo de vida. A maior parte morre muito jovem, devido às doenças como a sida, que são muitíssimo comuns neste tipo de bordéis. Às que não morrem, resta-lhes a esperança de um dia serem resgatadas por uma das bastante escassas rusgas policiais que por vezes são feitas a este tipo de lugares. Muitas acalentam ainda a esperança de que alguém as salve, por isso escrevem cartas a homens estrangeiros com quem mantém relações sexuais, cartas essas que começam sempre com: «Amo-te tanto. Gostava que me viesses buscar.»
Mas ninguém as vai buscar. Ninguém se importa. E, assim, o Cambodja tornou-se num autêntico paraíso para os pedófilos de todo o mundo. O Cambodja tem, assim, uma grande afluência turística que pode melhorar a sua precária situação financeira. E tudo isto graças às crianças…
2 comentários:
Sim Carina, todos temos o dever de lutar contra a prostituição infantil. Não chega falar.
Gostei da tua sensibilidade no tema.
Beijos.
Carina, você pode me informar qual é o mês e o ano da revista Seleções que tem essa matéria sobre o Camboja? Obrigada.
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