Nos dias que correm, está a generalizar-se o conceito de cidadão-jornalista. É um conceito novo, que pretende dignificar aqueles que colaboram, propositada ou acidentalmente com os meios de comunicação social na obtenção de informação. Mas há muitas maneiras de ver a questão.
O cidadão-jornalista é já um termo bem em voga, principlamente após o insquecível tsunami de Dezembro de 2004, onde as imagens captadas pelos turistas foram as verdadeiras construtoras da notícia. Sem elas, jamais os jornalistas teriam sido capazes de mostrar directamente ao público o verdadeiro pânico que se viveu durante aqueles minutos e depois, quando tudo à volta do que antes existia era...nada!
Apesar do inegável aspecto positivo de toda esta situação, quer para os profissionais da informação, quer para os chamados cidadãos-jornalistas, esta é uma questão que merece alguma consideração. De facto, até que ponto é que este civis, chamemos-lhes assim, podem ser considerados cidadãos-jornalistas? Até que ponto é que o seu contributo é de tal forma essencial que eles acabem por receber determinado título?
O próprio conceito de cidadão-jornalista está ainda em desenvlvimento. As teorias acerca do seu verdadeiro significado são mais que muitas, umas focalizando uns aspectos e outras, outros. Sendo assim, porque será que há já cidadãos a possuirem oficialmente este título onorífico?
E depois há ainda outra questão: se é considerado cidadão-jornalista alguém que se limita a estar no sítio certo à hora certa, e possuir equipamentos que lhe permitam testemunhar as suas afirmações, porque será que as tão aclamadas fontes dos jornalistas não são consideradas também como cidadãos-jornalistas? Afinal, na maior parte das vezes, sem elas, a informação, ainda que exista, acaba por ser inválida.
Com tudo isto há também que destacar que, apesar de tudo, é uma verdade que estes cidadãos fazem um trabalho bastante significativo pelos profissionais de jornalismo, pelo que acabou por ser unânime a criação de um título que agraciasse a atitude e coragem perante situações por vezes assustadoras e de grande pressão. Mas há que saber como atribuir o título. E para isso é necessário definir um só conceito, universal, de cidadão-jornalista.
Será que é legítimo atribuir o título de cidadão-jornalista a pessoas com acções derivadas exclusivamente da sorte? Ou um cidadão-jornalista é simplesmente isso mesmo, alguém que conseguiu estar no sítio certo à hora certa? Seja qual for o conceito, todos os que aceitam este título como legitimo concordam com a sua importância e urgência na definicão.